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quem sou esconde-se de mim.
mascaro qualidades e mostro defeitos. aligeiro defeitos e publicito qualidades, numa espécie de adaptação ao que é esperado.
na maior parte do tempo, sou pequenina, medricas, vulnerável como o raio e cheia de não me toques.
se usasse isto a sério e mostrasse aos outros a fealdade que escondo, seria uma coisa digna de se ver.
como aquelas fulanas que saem todas as noites, com pestanas que não são delas, lábios embutidos, cabelos que se tiram e põem, rabos que se escangalham na saída da cueca, mamas que encolhem quando o sutiã é retirado e depois de devidamente desnudas são uma imagem pequenina e desenxabida, com um ar muito banal e comum cujos atractivos se esfumaram porque não eram.
há os bons e os maus na linearidade. os pecadores, os perfeitos, os bonitos e os jovens. há pessoas que têm flores no cabelo, modulam as palavras como canções e se transformam em imagens que se seguem. com gosto.
depois há os como eu.
pessoas cheia de vulnerabilidades, que ladram ao vento de dentes erguidos, um rosnar constante de irritação, num cérebro pequeno que se acabrunha ao confronto.
são as que se devem evitar.
não que, ao estar com elas, se acabe mordido.
mas há o risco de se ficar com dor nas mãos de tantas festinhas que se lhes fazem na cabeça para as pôr a ronronar.