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adoro chuva, frio, dias curtos, árvores que dançam em água, flores que choram cristais, cães que caminham com ar triste e pelo molhado, numa soturnidade de quem espera pelo sol.
adoro chás a ferver, aromas de canela e laranja que só são verdadeiros em dias frios.
bolos quentes, luvas, robes, meias e pantufas.
gosto de sopa muito quente que embacia os óculos e me deixa a ver a dança do vapor.
gosto das noites longas, a chuva na janela, o quente da cama no encontro com o outro, numa espécie de refugio intimo enquanto a noite cresce.
gosto tanto mas tanto do inverno, as folhas secas e castanhas, as árvores nuas, lareiras em brasa, mantas e sofás, que todos os dias seriam inverno, na vida de sonho que todos idealizamos e sabemos não ser possível.
gosto do inverno porque eu sou inverno e a constatação disso faz-me saber soturna, fria e cinzenta.
seria tão pior se fosse radiante, colorida e saltitante... como raio ia aguentar-me a mim própria?