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ou como o ser hipocondríaca me vai matar um dia #1
primeiro foi um ligeiro arrepio no corpo (um arrepio minha filha? é um espírito a passar por ti) e toda eu me encolhi, na certeza de que uma alma penada me analisava os pulmões.
depois veio a garganta: de um ardor levezinho passou para uma fogueira, ao género das da inquisição (com tanto fogo posso garantir que assava ali, à vontadinha, duas dúzias de bruxas).
depois a cabeça deu sinal de si em dores lancinantes.
para completar, antes de me deitar, o corpo cedeu e senti coisas que nunca havia sentido antes e que me puseram na cama a tiritar de frio, com suores esquisitos e a pesquisar, no médico da internet, que maleita era esta que me estava a condenar:
cancro das vias respiratórias ou tuberculose?
parece que afinal não.
dizem os entendidos que é só uma gripe. só. assim, com um ligeiro desprezo. como se uma gripe não tivesse dizimado gente aos milhares. como se uma gripe não nos desse vontade de enfiar a cabeça debaixo do colchão. como se uma gripe, só uma gripe, não nos desse uma produção de água - mal cheirosa - em excesso pelo corpo todo. não nos transformasse a lingua em cortiça. não conseguisse que fizessemos uma tal produção de ranho que poderíamos, sem problema algum, vendê-lo às litradas e ter o nosso próprio negócio.
só uma gripe.
só tremores, ardores, febres, mal estar, falta de apetite, dores e incapacidades.
só!
ora, ide apanhar dois valentes vírus, está bem?
eu não estou só gripada!
estou doente.
estou nas últimas.
estou praticamente a bater a bota sem ter realizado nada de útil, grandioso ou que valha a pena ser mostrado nesta vida.
sofro incomensuravelmente, com esta gripe demoníaca e ninguém me dá o devido crédito, assim, com o nariz quase em sangue, tosse por todo o lado e cuspe que se espalha no ar.
eu não estou só doente.
eu estou doente e só na minha dor.
tenham pena de mim, sim? e façam uma homenagem à minha pessoa na caixa de comentários!